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Por um Colégio de Aplicação na UFPel

Neste texto propõe-se que exista na UFPel um espaço educativo, institucionalizado, especificamente voltado para o desenvolvimento

Por Flávio Medeiros Pereira. Vice-diretor da Esef - UFPel

Neste texto propõe-se que exista na UFPel um espaço educativo, institucionalizado, especificamente voltado para o desenvolvimento de Estágios Curriculares Supervisionados (ECS). Seguindo instituições e a terminologia que é usada na UFPel como: hospital-escola, restaurante-escola e hotel-escola, seria uma "escola-escola". Ou na sua denominação regular: Colégio de Aplicação (CA).

Desde 2002 defendo a existência de um CA em nossa universidade. Em encontros e atividades da UFPel como nos fóruns das licenciaturas ou em capítulo do livro "Configuração pedagógica dos estágios curriculares supervisionados na UFPel: passado, presente e futuro. Pereira, F. M. (Org.) Pelotas, Universitária, 2008.

A defesa de um CA é embasada em experiências como ex-diretor da Esef/UFPel e ex-coordenador do Colegiado de Curso de Graduação, orientações e supervisões de estagiários do curso de licenciatura, estudos e pesquisas com o ECS em âmbito estadual e conhecimento da realidade brasileira advindo de avaliações para o Inep.

Colégios de aplicação fazem parte de diversas universidades federais como UFF, UFSC, Ufpe, UFV, UFG, UFRJ, dentre outras. Na UFPel um CA contribuiria principalmente para resolver ou minimizar problemas atinentes à operacionalização concreta dos ECSs em seus 21 cursos presenciais de licenciatura.

Acatando as resoluções do Conselho Nacional de Educação, do MEC, os ECS requerem ser desenvolvidos junto à Educação Básica. E, de há muito se evidencia um descompasso entre os calendários letivos dessas escolas e da UFPel. Com a greve deste ano isso se agravou visto que em janeiro e fevereiro as escolas estarão em férias de verão e a universidade com aulas regulares.

A existência de muitas instituições de Ensino Superior solicitando espaço nas escolas para o desenvolvimento das práticas de ensino e as normas sobre os ECSs da Secretaria de Estado de Educação também acarretam dificuldades. De acordo com o Setor de Estágios da 5ª Coordenadoria Regional de Educação, no segundo semestre letivo de 2012, em Pelotas havia 11 instituições de Ensino Superior solicitando turmas para que seus acadêmicos desenvolvessem suas práticas de ensino.

Propõe-se que a UFPel construa uma grande escola ofertando a Educação Básica de modo que os acadêmicos dos cursos de licenciatura aí pudessem realizar seus ECSs. Escola essa, que após democráticos processos de discussões entre as diversas instâncias da UFPel, teria instalações compatíveis com a proposição de oferta de educação de qualidade e espaço de pesquisa, ensino e extensão universitárias. Ainda que se considere as alterações quantitativas de acadêmicos da UFPel em ECSs em cada ano letivo, o ideal seria que o CA tivesse tantas turmas de modo que a totalidade ou grande parte das práticas de ensino dos cursos de licenciatura aí fossem desenvolvidas.

Como os docentes dos cursos de licenciatura da UFPel têm habilitação para lecionar na Educação Básica eles poderiam ser professores no CA, responsáveis por disciplinas, por orientar e supervisionar acadêmicos em ECS. Concursos e remanejos de docentes e de servidores técnico-administrativos dariam conta dessa parte do corpo social do CA. Já os alunos aí matriculados saberiam que nessa instituição eles teriam aulas com professores pós-graduados e com estagiários. Os alunos do CA teriam conhecimento de que contribuiriam para com o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e extensão da UFPel. O CA também possibilitaria o atendimento de outros componentes dos cursos de licenciaturas, como Práticas como Componente Curricular ou Atividades Complementares, bem como poderia servir de local para coleta de dados de Trabalhos de Conclusão de Curso - TCC.

Provavelmente o CA se tornaria mais uma "escola pública de elite", com grande procura por matrículas e com seus alunos atingindo elevados índices em indicadores qualitativos de educação, como no Enem. Mas a existência de um CA na UFPel não evitaria que seus alunos de licenciatura conhecessem a realidade de outras escolas, nem que fossem impedidos de realizar estágios não obrigatórios. Por outro lado contribuiria para mais uma vez demonstrar para a sociedade brasileira que é possível que escolas públicas, laicas, com currículo e ensino modernos, gestão eficiente, interação democrática entre professores, alunos e seus responsáveis, apropriadas instalações e com docentes com salários decentes - diferentemente do atual e vergonhoso piso nacional - tenham alunos que não fiquem aquém de seus colegas estudantes das redes privadas de ensino em aprendizagem e/ou em notas de avaliações de âmbito nacional.

Concluindo, trata-se de uma proposição inicial, mas necessária para o debate que vise a elevação qualitativa na formação dos licenciados da UFPel e, por conseguinte, com benefícios para com a Educação Básica.

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